Como a culinária italiana se popularizou na Alemanha?

A temperatura vai subindo na Alemanha e os gelatos voltam à cena… Não é segredo que os sorvetes italianos fazem sucesso não só na Alemanha, mas na Europa em geral, no Brasil e mais uma porção de lugares. Mas nem sempre a culinária italiana foi tão conhecida assim.

Foi apenas na virada para o século XX que os fabricantes de sorvete italianos cruzaram os Alpes no verão para vender seus produtos na Alemanha. Esse movimento se consolidou nas décadas de 1950 e 60, quando muitos italianos se estabeleceram definitivamente no vizinho do norte.

Ao mesmo tempo, o aumento do turismo na Europa levou muitos alemães à Itália, o que aumentou o interesse pela culinária do país mediterrânico, levando seus pratos cada vez mais às mesas alemãs.

Foi nesta época que a primeira pizzaria abriu na Alemanha: em 1952, a Sabbie di Capri foi aberta em Würzburg. Aliás, ela ainda está em funcionamento e pode ser visitada no endereço Elefantengasse 1 (saiba mais sobre a história desta pizzaria nesta matéria).

Pouco a pouco, as massas italianas ganharam o paladar alemão, que muitas vezes adaptou as receitas com seus ingredientes.

Uma pesquisa de 2018 da YouGov mostra que na Alemanha a culinária italiana é a mais popular (91% dos votos), ficando à frente em preferência da própria comida alemã e da turca.

E você, entra nesse grupo ou tem outra culinária preferida?

Fonte: Food Culture in Germany, de Ursula Heinzelmann

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Qual é a polêmica histórica por trás do filme Jojo Rabbit

Jojo Rabbit, produção de 2019, recebeu a crítica de associar a imagem de Hitler a um cara simpático. Mas será que o filme faz isso mesmo?

Jojo é um garoto de 10 anos que mora em uma pequena cidade alemã durante a Segunda Guerra (sua mãe é interpretada por Scarlett Johansson, e seu tutor por Sam Rockwell – adoro os dois!). 

Jojo não é lá muito popular, e seu melhor amigo (imaginário) é nada mais nada menos que Adolf Hitler. 

Mas ele não é realmente uma versão legal do Hitler: é o amigo imaginário de Jojo, um garoto de 10 anos que cresceu imerso na ideologia nazista.

Os filmes não são formas de saber exatamente o que aconteceu no passado (e Jojo Rabbit nem tenta isso), mas, como arte, são valiosos como reflexão.

E para mim, a reflexão mais interessante desse filme é como a guerra pode ser vista com ingenuidade pelos olhos infantis. Para Jojo, enquanto a Alemanha se mantém forte na guerra, Hitler é um grande herói, e os judeus são vilões, monstros. Mas conforme ele amadurece (por causa dos acontecimentos na sua vida relacionados à guerra), percebe que as coisas não são assim.

Você já assistiu Jojo Rabbit? O que achou do filme?

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A maior parte das cidades alemãs foi fundada na Idade Média

Entre os séculos XII e XIV (anos 1101 a 1400), na Baixa Idade Média, cerca de 20% da população germânica passou a viver em uma das 4 mil cidades que voltaram, pouco a pouco, a ganhar importância na economia da época.

Podemos falar que a maior parte das cidades alemãs de hoje surgiu nesses cerca de 200 anos da Baixa Idade Média.  

Nesse contexto, Colônia era a maior cidade da época (cerca de 40 mil habitantes), seguida de Praga, que fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico, e Lübeck. 

Paris tinha, naquele momento, aproximadamente 100 mil habitantes, mais que o dobro de Colônia. 

Quando aprendemos sobre o “ressurgimento” das cidades no fim do período medieval, não significa que todas elas sumiram e depois reapareceram, mas que não apenas havia menos centros urbanos, como seu papel era menor.

Qual é sua cidade medieval favorita na Alemanha?

Fonte: Food Culture in Germany, de Ursula Heinzelmann

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Toni Erdmann: o 8º filme mais importante feito por uma mulher

Classificado em uma pesquisa da BBC com 368 especialistas em cinema como 8º filme mais importante de toda a história dirigido por uma mulher (em uma lista de 100), Toni Erdmann tem o poder de nos constranger do início ao fim com as atitudes do pai (que dá nome ao filme) de Ines, que trabalha em uma multinacional alemã alocada na Romênia.

Em determinado momento o constrangimento é tanto que tivemos um acesso de riso aqui em casa! Para entender, só vendo!

Ele é um professor de escola despretensioso e brincalhão (do tipo tio do pavê, só que mais), e ela é uma executiva endurecida pela carreira corporativa, que se desdobra para ser uma mulher de sucesso em um ambiente sexista.

O que isso tem a ver com a história alemã? Focado na relação problemática entre os dois, o filme abre uma janela para observar de que forma a Alemanha pós-queda do Muro de Berlim se posiciona no cenário político-econômico europeu, e como o capitalismo e sua lógica de produtividade é capaz de destruir as relações interpessoais e passar por cima de culturas.

Assim, o filme nos provoca indiretamente com a questão: o que é considerado ter sucesso atualmente? Isso é sinônimo de felicidade e realização pessoal?

Eu e o @sergiorizzobr falamos mais sobre esse filme na parte 1 do episódio de abril do podcast, que você pode ouvir aqui no site ou em plataformas de streaming como o Spotify, buscando por Somos pq Fomos. 

>>> De fevereiro a abril de 2021 o SPQF produziu um podcast sobre história entre Alemanha e Brasil. Confira aqui a lista de episódios.

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Como o sistema ferroviário revolucionou a Alemanha?

Quem visita ou mora na Alemanha hoje e se locomove para lá e para cá em um dos inúmeros trens que conectam todo o país, pode não parar para pensar que o sistema ferroviário não existia 200 anos atrás.

Os primeiros caminhos férreos começaram a ser construídos em 1835 na Alemanha, e rapidamente se expandiram – até 1880, foram construídos 67 mil quilômetros de trilhos.

O primeiro trajeto conectou Nüremberg à vizinha Fürth, um trajeto que hoje o trem regional faz em apenas 8 minutos.

A primeira linha de longa distância foi feita entre 1837 e 39 e ligava Leipzig a Dresden. A partir disso, as classes médias viajaram cada vez mais de trem.

Mas o principal impacto da expansão da malha ferroviária alemã não foi nas viagens, mas na distribuição de produtos, em especial alimentos: isso permitiu o aumento de trocas entre diferentes regiões e facilitou o acesso à comida, o que, aliado a outros fatores relacionados à industrialização, ajudou a reduzir a fome no país.

Você já pensou nos trens como forma de reduzir a insegurança alimentar?

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Por que Phoenix é um filme genial para entender o Holocausto

O filme Phoenix, do mesmo diretor de Em Trânsito, Christian Petzold, trabalha com duas imagens importantes: a da transformação de identidade via cirurgia plástica, por um lado, e o lugar incômodo da vítima sobrevivente. 

A protagonista Nelly sobrevive às atrocidades de um campo de concentração e seu rosto precisa ser reconstituído. 

Tudo o que ela quer na reconstrução da sua vida é que as coisas sejam como antes: seu rosto, seu casamento, suas amizades, sua carreira de cantora, sua vida… Mas nada mais é o mesmo depois da guerra, e Nelly descobre isso de forma dolorosa.

O que isso tem a ver com a história alemã? Muitos não sabem, mas a figura da vítima na história nasceu do Holocausto.

A vítima sobrevivente traz consigo um constrangimento para os alemães que não foram perseguidos e que, em diversos níveis, foram coniventes com os atos do regime nazista.

O filme provoca essa reflexão sobre a dificuldade de arcar com essa responsabilidade. Uma produção muito impactante que vale a pena assistir!

Eu e o @sergiorizzobr falamos mais sobre esse filme na parte 1 do episódio de abril do podcast, que você pode ouvir aqui no site ou em plataformas de streaming como o Spotify, buscando por Somos pq Fomos. 

>>> De fevereiro a abril de 2021 o SPQF produziu um podcast sobre história entre Alemanha e Brasil. Confira aqui a lista de episódios.

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Uma escultura de anjo que desafiou o nazismo e o orgulho de guerra alemão

Hoje vamos falar de mais uma obra de arte, Der Schwebende (ou Schwebende Engel), o anjo de Barlach, e do que ela tem a ver com a história da Alemanha.

A Europa é repleta de monumentos e datas de homenagem aos mortos na Primeira Guerra Mundial. Mas para a Alemanha, considerada culpada pela guerra e duramente punida por isso, era difícil assumir o alto custo humano do conflito em um memorial, levando em conta que o país se considerou traído e injustiçado.

Como criar uma data comemorativa, como o Remembrance Day nos países da Commonwealth, para tamanho desastre?

Nesse contexto, o artista alemão Ernst Barlach foi comissionado para fazer um memorial da Primeira Guerra para a Catedral de Güstrow, uma cidade no nordeste alemão onde o artista estava estabelecido, próxima a Rostock.

A obra de 1927 levou o rosto de Käthe Kollwitz, artista que sofreu com a perda do filho na guerra.

A escultura, de olhos e braços cerrados, representa a dor do conflito e a reflexão sobre as consequências da violência.

Barlach e seus memoriais de guerra se tornaram um símbolo da não-violência e do pacifismo, representando a dor, o luto e a morte, sem qualquer traço de heroísmo.

Bom, os nazistas detestaram a obra, e simbolicamente removeram o anjo da catedral de Güstrow em 1937 e o derreteram na década de 1940, usando o material para confeccionar armas para a Segunda Guerra.

Mas amigos de Barlach acharam o molde e fizeram uma segunda versão do anjo, que ficou escondida até o fim da guerra. Depois disso, foi colocada na Antoniterkirche, em Colônia.

Na Catedral de Güstrow existe hoje uma 3ª cópia, feita durante a Guerra Fria, se tornando um símbolo da cidade.

Fonte: Germany: Memories of a Nation, de Neil MacGregor.

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A provocação do filme Em trânsito é mostrar que a perseguição do nazismo pode se repetir

O filme Em Trânsito, de Christian Petzold, provoca o espectador ao brincar com marcadores de tempo: ao misturar elementos atuais com outros da década de 1940 de uma forma sutil, o longa sugere que a perseguição feita pelo nazismo poderia acontecer novamente.

O cenário é Marselha atual, e conhecemos a história de pessoas que estão tentando fugir, e como essa situação de incerteza despedaça a saúde mental e os relacionamentos daqueles que vivem a tensão. 

Petzold nos lembra, ainda, que nada é fixo e imutável: nossas vidas estão permanentemente em trânsito.

O que isso tem a ver com a história alemã? A partir do filme podemos sentir a angústia do ser fugitivo para salvar a própria vida, algo que está relacionado ao terror do nazismo, mas que facilmente poderia se transpor para o século XXI. 

Com isso podemos refletir que, dado um contexto específico, muitas pessoas repetiriam o comportamento de perseguição, delação, colaboração com o autoritarismo e violência, apesar do que a história nos ensinou.

Eu e o @sergiorizzobr falamos mais sobre esse filme na parte 1 do episódio de abril do podcast, que você pode ouvir aqui no site ou em plataformas de streaming como o Spotify, buscando por Somos pq Fomos. 

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O que foi o novo cinema alemão

Para entender a história do cinema alemão, é fundamental conhecer o que se chama de “novo cinema alemão”.

Ele surgiu de um manifesto em 1962 no festival de Oberhausen, o mais importante festival de curtas da Alemanha e um dos mais prestigiados do mundo.

O documento, assinado por uma série de diretores, foi uma carta de princípios que decretou que a forma antiga de se fazer cinema na Alemanha estava morta, e que eles fariam uma renovação na arte.

Ao contrário do que se possa imaginar, os diretores do novo cinema alemão não seguiam as mesmas regras, nem seus filmes eram parecidos uns aos outros. Como explicou o @sergiorizzobr no nosso podcast, são produções muito diversificadas, com estilos distintos, que olharam para a história da Alemanha cada uma a sua maneira.

Os seus principais representantes são esses que você vê abaixo: Rainer Werner Fassbinder, Wim Wenders, Werner Herzog, Volker Schlöndorff e Alexander Kluge.

Então para conhecer melhor essa etapa, vale a pena ir atrás da filmografia de cada um deles.

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O que o filme Berlin Alexanderplatz nos ensina sobre a história da Alemanha

Baseado no clássico homônimo da literatura alemã, o filme Berlin Alexanderplatz é uma releitura da história que originalmente se passa na República de Weimar, e por isso tem tudo a ver com a história da Alemanha. 

A versão de 2020 conta a história de Francis, um imigrante africano morando ilegalmente em Berlin que busca se regularizar, ser uma pessoa boa e ter uma vida melhor. 

Mas uma série de acontecimentos se torna obstáculo para alcançar esse objetivo e coloca em questão: é possível a tão sonhada integração de imigrantes que carregam certas marcas à rica Alemanha?

O que isso tem a ver com a história alemã? Hoje a Alemanha se coloca no cenário mundial como um país rico receptivo a imigrantes. Isso é uma forma do país reafirmar o que aconteceu no passado e se colocar com uma postura oposta a ele, frisando valores de tolerância e diversidade.

Ao mesmo tempo, os acontecimentos do filme questionam se, na prática, alguns tipos de imigrante conseguem de fato viver o sonho da vida melhor, e se são tratados de acordo com esses valores de tolerância e diversidade ou se são barrados pelo muro da discriminação.

Eu e o @sergiorizzobr falamos mais sobre esse filme na parte 1 do episódio de abril do podcast, que você pode ouvir aqui no site ou em plataformas de streaming como o Spotify, buscando por Somos pq Fomos. 

>>> De fevereiro a abril de 2021 o SPQF produziu um podcast sobre história entre Alemanha e Brasil. Confira aqui a lista de episódios.

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