Hoje vamos falar de mais uma obra de arte, Der Schwebende (ou Schwebende Engel), o anjo de Barlach, e do que ela tem a ver com a história da Alemanha.
A Europa é repleta de monumentos e datas de homenagem aos mortos na Primeira Guerra Mundial. Mas para a Alemanha, considerada culpada pela guerra e duramente punida por isso, era difícil assumir o alto custo humano do conflito em um memorial, levando em conta que o país se considerou traído e injustiçado.
Como criar uma data comemorativa, como o Remembrance Day nos países da Commonwealth, para tamanho desastre?
Nesse contexto, o artista alemão Ernst Barlach foi comissionado para fazer um memorial da Primeira Guerra para a Catedral de Güstrow, uma cidade no nordeste alemão onde o artista estava estabelecido, próxima a Rostock.
A obra de 1927 levou o rosto de Käthe Kollwitz, artista que sofreu com a perda do filho na guerra.
A escultura, de olhos e braços cerrados, representa a dor do conflito e a reflexão sobre as consequências da violência.
Barlach e seus memoriais de guerra se tornaram um símbolo da não-violência e do pacifismo, representando a dor, o luto e a morte, sem qualquer traço de heroísmo.
Bom, os nazistas detestaram a obra, e simbolicamente removeram o anjo da catedral de Güstrow em 1937 e o derreteram na década de 1940, usando o material para confeccionar armas para a Segunda Guerra.
Mas amigos de Barlach acharam o molde e fizeram uma segunda versão do anjo, que ficou escondida até o fim da guerra. Depois disso, foi colocada na Antoniterkirche, em Colônia.
Na Catedral de Güstrow existe hoje uma 3ª cópia, feita durante a Guerra Fria, se tornando um símbolo da cidade.
Fonte: Germany: Memories of a Nation, de Neil MacGregor.
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