Querer se reconectar com a natureza não é algo nem de hoje, nem dos hippies nos anos 1960. Em diversos momentos da história, as pessoas (em especial os jovens) se rebelaram contra o sistema urbano e a industrialização, em que a vida é mediada (e por vezes dominada) pelas máquinas, para buscar uma vida mais simples no verde.

Na Alemanha, um desses movimentos foi o Wandervogel, também conhecido como pássaros migrantes, que surgiu na virada do século XIX para o XX no Gymnasium Steglitz, escola no sudoeste de Berlim, com passeios escolares.

Liderados pelo estudante Karl Fischer, os grupos de Wandervogel se tornaram uma associação e se multiplicaram pelo país, em especial entre jovens de classe média, chegando a somar 30 mil na década de 1920. Mas Fischer não seguiu com o movimento, sendo considerado muito autoritário.

Os membros desses grupos se caracterizavam por um uniforme típico, com bermudas, uma bandana vermelha no pescoço e um chapéu verde, além de uma capa. Juntos, eles caminhavam, tocavam música e dançavam, dormindo em celeiros cedidos por agricultores.

Os Wandervogel faziam isso também como forma de desafiar os valores burgueses da geração de seus pais, em um ato de rebeldia típico de muitos movimentos da juventude.

Com a ascensão do nazismo e centralização de todas as associações e movimentos sob o guarda-chuva do regime, os Wandervogel se dissolveram, e parte deles se integrou à juventude hitlerista, que também realizava acampamentos, embora não fossem com o mesmo propósito.

Para quem tem curiosidade, o Gymnasium Steglitz ainda funciona como escola em Berlim, e há uma lápide memorial para Karl Fischer no cemitério de Steglitz.

Não é engraçado pensar em um momento em que viver uma vida simples e em contato com a natureza era um ato de rebeldia? Conta nos comentários o que achou dos Wandervogel.

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