O fim da Segunda Guerra Mundial só aumentou a velha crise da família alemã. Em 1946, no pós-guerra, a Cruz Vermelha tinha cerca de 10 milhões de pedidos de crianças buscando os pais, mulheres os maridos, soldados suas famílias. 

Mas mesmo entre aqueles que sobreviveram e retornaram ao lar, muitos não conseguiram se readaptar à vida civil. Imagine que as mulheres passaram muito tempo sozinhas sobrevivendo e também tinham dificuldade de abrir mão da independência conquistada para se submeter aos maridos. Todos mudaram muito durante os anos de conflito, e nada mais era como antes.

O resultado: a taxa de divórcios subiu de 8,9 a cada 1.000 habitantes para 18,8 em 1948.

Esse relato de uma alemã publicado pela revista Constanze em 1948 é ilustrativo desse mal-estar do pós-guerra:

“Meu marido voltou depois de quase cinco anos em um campo de prisioneiros. Durante as primeiras três ou quatro semanas, ficamos muito felizes. Mas agora é uma briga atrás da outra. A razão: ele me dá ordens e nunca está satisfeito. Eu mudei tanto, diz ele, não sou mais uma esposa adequada. Eu tinha vinte e três anos quando nos casamos. Agora eu tenho trinta e um anos. Durante seis desses oito anos, estive sozinha e tive que me virar o melhor que pude. Agora que ele voltou, ele realmente deveria me dar alguma ajuda. Mas ele insiste que eu cuide de toda a casa (temos dois filhos adoráveis) enquanto ele se senta no canto, lê o jornal, reclama e dá ordens. Estes homens ainda não se fartaram de dar ordens? Ele diz que tem direito a um lar confortável. Mas, à minha maneira de pensar, ele não tem “direito” a nada. Como vamos conseguir que as coisas voltem ao normal?” 

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