Comedores de frutas silvestres, quark e carne de caça, e bebedores de uma “bebida fermentada de cevada”. É assim que o historiador romano Tacitus descreveu, em 98 d.C., os povos germânicos no livro Germânia. 

Tacitus admirava os germânicos: para ele, eram povos que não tinham sido “estragados” pela civilização. Pessoas que viviam em maior contato com a natureza, ao contrário dos romanos.

Era uma visão de fora, né? Como um romano com críticas a romanos, e não como um germânico (aliás, os germânicos nem se viam como um grupo). 

Mas o fato é que muito do que sabemos sobre os germânicos na Antiguidade vem da descrição dos romanos. Eles eram, de fato, povos que consumiam frutas silvestres, carne de caça e quark. Eles também consumiam muita carne de porco e peixe, algo ignorado por Tacitus.

É bem interessante perceber que todos esses alimentos (e a cerveja) continuam fazendo parte da cultura alimentar alemã.

Mas temos que ter cuidado com o livro de Tacitus fora do contexto em que foi escrito, na Antiguidade. A obra foi resgatada de um mosteiro (a maior parte dos documentos gregos e romanos foram guardados pela Igreja na Idade Média) para ser usada como prova de força e pureza do povo alemão em diversos momentos da história moderna e contemporânea, sendo o mais recente deles o nazismo.

Na distorção nazista, desde tempos imemoriáveis, como supostamente provaria o livro de Tacitus, os germânicos seriam um povo puro, não misturado, não “estragado” pela modernidade. E eles, nazistas, poderiam “repurificar” a nação para retomar essa essência alemã. Que doidera, né?

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