Esse era o Deutscher Morgen, Aurora Allemã, semanário do NSDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, o Partido Nazista) para o Brasil, de um ano antes de Hitler ascender oficialmente ao poder.
O jornal foi publicado de março de 1932 e dezembro de 1941 para divulgar ações do partido e ideias nazistas, sendo que nos meses finais teve que se abrasileirar por conta das restrições do governo Vargas a publicações em línguas estrangeiras, até ser extinto.
É interessante reparar como alguns comércios locais de imigrantes alemães anunciavam no jornal (rode o carrossel de imagens). Um deles, o bar “Gruta Allemã”, no centro de São Paulo, se anuncia como centro de encontro dos afiliados ao Partido Nazista. Não é maluco pensar em um bar em São Paulo que é ponto de encontro dos nazistas?
Isso porque a imagem que temos em 2021 sobre o Nazismo é de uma monstruosidade monumental, que parece não combinar com elementos corriqueiros do cotidiano, muito menos no Brasil.
Mas quando vemos elementos cotidianos nos documentos de época, percebemos que as ideias nazistas não tinham o peso que têm hoje, e que boa parte das pessoas as defendiam sem culpa, sem achar que estavam fazendo nada errado. É por isso que o Estado alemão hoje investe em políticas de memória: para que isso não volte a acontecer. Porque sempre começa pequeno.
Muitos se perguntam: como é que grande parte dos alemães apoiou o Nazismo? A resposta para isso está em não olhar para o Nazismo com os olhos de hoje, de quem já sabe o que aconteceu e como a história julgou os envolvidos, e sim pensar que essas ideias começam mundanas, dispersas, minoritárias, como respostas a insatisfações das pessoas, desemprego e crises, e depois crescem com determinados combustíveis, e se tornam gigantes. Esses movimentos acontecem gota a gota, e não como um tsunami.
No ep.#1 falamos do que foi o “perigo alemão” no Brasil, período em que se temia que os descendentes de alemães servissem de apoio a uma ocupação nazista do território.
O jornal Aurora Allemã faz parte dos acervos da biblioteca digital da Unesp e do Museu da Imigração e, quem tiver interesse, pode baixar os documentos nos acervos digitais das instituições.
Conta aqui nos comentários, você sabia desse jornal ou conhece alguma outra conexão do Partido Nazista com o Brasil?
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