Estamos tão acostumados com hotéis, pousadas e até Airbnb, que fica difícil imaginar uma época em que essas opções não existiam, né? Você já deve ter estudado na escola sobre o período de encastelamento da Europa, na transição da Antiguidade para a Idade Média, em que havia muitas invasões e violência. Circular por aí não era tranquilo, e poucos faziam isso. Ainda menos pessoas arriscavam a hospedagem de estranhos, com medo de colocar sua vida em risco.

A partir dos séculos VIII e IX, a hospitalidade começou a mudar. Havia 2 formas de se hospedar: a nobreza podia solicitar pousada em qualquer casa, e os moradores eram obrigados a oferecer de tudo (em troca de nada). 

A segunda forma, que valia para a maior parte das pessoas, era a hospedagem como cortesia para mercadores, viajantes e peregrinos. O anfitrião podia ou não oferecer comida, e criava-se uma relação forte com o hóspede, a ponto de um precisar vingar o outro se necessário. Além disso, se um hóspede morresse enquanto estivesse na sua casa, você poderia ficar até com a herança dele!

Nesta época quase não havia tabernas, pois a hospitalidade era na base do favor. Mas, com a retomada das trocas, hospedar como favor passou a ser cada vez mais raro (a não ser para a nobreza). 

O aumento da circulação de pessoas no século XI trouxe a necessidade de lugares onde essas pessoas pudessem passar a noite, comer e beber. Daí as tabernas se multiplicaram. Sua principal função era vender vinho, cerveja e gêneros de primeira necessidade. Apenas algumas ofereciam pousada, e isso foi aumentando aos poucos.

As tabernas tinham uma péssima reputação, mas isso não impediu sua proliferação em lugares com grande circulação de comerciantes e pouco povoamento. Esse movimento tornou cada vez mais comum pagar para se hospedar em vez de ficar na casa das pessoas. Agora esperava-se pagamento pela hospitalidade.

A partir do século XIII, isso foi substituído na Itália e França, e um pouco depois no sul da Alemanha, por hotéis de diversos níveis, enquanto as tabernas deram lugar aos bares.

Fonte: História da Alimentação, de Jean-Louis Flandrin e Massimo Montanari (orgs.)

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