Quem está acostumado com comidas simples não pode comer comidas requintadas, senão morre? Isso já foi considerado verdade no fim da Idade Média e começo da Idade Moderna na Europa. 

Hoje vou um pouco ao sul da Alemanha contar pra vocês a história do Bertoldo, narrada originalmente pelo escritor italiano Giulio Cesare Croce.

Bertoldo era um camponês que caiu nas graças de Alboino, rei dos lombardos, e acabou sendo nomeado conselheiro pessoal do rei. Com a alimentação da côrte, Bertoldo adoeceu rapidamente, e implorou para os médicos que lhe dessem feijões e nabos, segundo ele condizentes com a sua natureza. Os médicos recusaram e Bertoldo morreu, dizendo “Não coma tortas quem está acostumado a nabos”.

Mas, afinal, que moral da história é essa? 😂  A questão é que nesta época existia uma hierarquia de alimentos relacionada ao status social, chamada “a grande cadeia do ser”. Ela estava ligada aos quatro elementos, como já falamos da medicina outro dia. 

Quanto mais próximo da terra o alimento crescia, por este pensamento, mais próximo do inferno, então menos nobre. Então, por exemplo, bulbos e raízes, como cebola, alho, cenoura, nabo, eram vistos como “comida de pobre”. Não podia estar na mesa dos ricos.

Já as frutas que nasciam em árvores estavam no alto, então eram feitas para os ricos. E também por isso, pássaros como águias e falcões eram considerados muito nobres. Inclusive é comum o registro de gota entre nobres pela quantidade de carne que eles comiam de forma não balanceada. Muitos até morriam disso.

E essa divisão não era considerada ruim, não era uma punição. Não existiam ideais de igualdade, e os medievais acreditavam que um camponês e um nobre não eram pessoas iguais, inclusive em sua natureza, então para que fossem saudáveis era necessário respeitar essa essência, ingerindo alimentos de acordo com ela.

Você conhecia a grande cadeia do ser? Conta nos comentários o que achou da história do Bertoldo.

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