Como comprar bilhete de metrô em Berlim (2024)

como comprar bilhete de metrô de Berlim
como comprar bilhete de metrô de Berlim
máquina de bilhete no metrô de Berlim (U-Bahn)

A forma mais fácil, rápida e barata de se locomover por Berlim normalmente é usando o transporte público. Por isso eu ensino, neste post, a comprar seu bilhete de metrô em qualquer estação de Berlim, assim como escolher o ticket mais adequado ao que você precisa.

As máquinas de compra de bilhete têm uma cara diferente no U-Bahn, S-Bahn e tram (bonde), porém todas têm as mesmas opções principais, e o bilhete é válido para qualquer modalidade, inclusive ônibus.

Pontos a considerar na escolha do bilhete:

  • Bilhetes avulsos valem a pena só se você for usar no máximo dois bilhetes no dia todo
  • O bilhete avulso fica mais em conta se você comprar o combo de 4 por vez
  • Cada bilhete avulso vale por 2 horas, qualquer modalidade, mas você não pode voltar com o mesmo bilhete (mesmo dentro das 2 horas)
  • Há bilhetes avulsos para trajetos curtos (Kurzstrecke, ou short trip) que são mais baratos, mas você só pode usar para se locomover 3 estações de metrô ou 6 de ônibus/bonde
  • Se você vai usar o transporte mais de 2 vezes em um dia, minha sugestão é comprar o bilhete de 24 horas. Atenção: ele só precisa ser validado uma vez, quando você for começar a usá-lo, e será válido até 24 horas depois disso
  • Existe opção com desconto para pequenos grupos em 24 horas (até 5 pessoas)
  • A maior parte das atrações fica na zona AB
  • O aeroporto, o campo de concentração e Potsdam são zona C, e você pode ou comprar um bilhete ABC, ou, se já tiver um bilhete de 24h para zonas AB, pode comprar apenas uma extensão de zona C avulsa (fica mais barato). Caso você vá chegar em Berlim pelo aeroporto e ir embora também por ele, e estiver em 2 pessoas, sugiro comprar o combo de 4 bilhetes ABC
  • Não se esqueça de validar o seu bilhete após a compra! Os postezinhos ao lado das máquinas de bilhete servem para isso (coloque o bilhete lá dentro até que apite)
  • Caso prefira, instale o aplicativo da BVG no seu celular e compre bilhetes por lá. Neste caso, a validação do bilhete é pelo próprio aplicativo – para isso você precisa estar com bateria e internet quando/se o controlador passar pedindo os bilhetes!

Se você vai fazer um tour comigo e vai se deslocar na ida e na volta do tour de transporte público, bem como durante o tour, sugiro a compra do bilhete de 24 horas, zonas AB (lembrando que há opção com desconto para grupo de até 5 pessoas).

Neste vídeo, eu te ensino a comprar qualquer bilhete de metrô em Berlim e a validá-lo:

Abaixo seguem as telas mostradas no vídeo para você ver com calma. Atenção às legendas!

Isso é o que aparece quando você toca a tela da máquina de bilhete. para mudar a língua, toque no botão com as várias bandeiras no canto inferior direito
Selecione a língua que você deseja usar. Eu selecionei inglês.
Aqui você poderá escolher o seu bilhete, entre o avulto (Single ticket), 4 bilhetes avulsos com desconto (4-trip-ticket), de curto trajeto (Short trip), 24 horas (24-hour ticket), aeroporto (Airport BER) ou, ainda, clicar em “other tickets” para escolher o bilhete de 24 horas para grupo de 5 pessoas
Caso sua opção tenha sido o bilhete de curto trajeto, a máquina vai perguntar se você quer comprar apenas 1 ou se quer 4 (com desconto)
Quando você clica no bilhete escolhido, aparece esta tela. Nela, você pode já pagar, ou então tocar na opção “several tickets” (vários bilhetes) se quiser comprar mais de 1 na mesma operação
Se você escolher comprar mais de um bilhete, vai aparecer esta tela. Aperte no número de bilhetes que você quer comprar e depois toque em “buy now” (compre agora). Depois basta usar seu cartão ou inserir o dinheiro na máquina, aguardar a impressão e validar o bilhete que vai usar naquele momento

Caso prefira, nesta página da empresa de transportes de Berlim BVG você pode comparar todas as opções de ticket de transporte público e decidir qual se adequa mais ao planejamento de vocês (o site tem opção interna em inglês, se quiser mudar).

O sistema de transporte público de Berlim é chamado de “sistema de confiança” porque não tem catracas, ou seja, eles confiam que você vai comprar o bilhete antes de usar o transporte. Caso você seja pego por um controlador sem bilhete (ou com um bilhete não validado), você é obrigado a pagar uma multa.

Mas e como saber qual transporte pegar e em qual direção? Minha primeira sugestão é usar o Google Maps, que é super conectado à rede municipal de transportes (inclusive quando há mudanças temporárias) e de fácil uso. Dentro dele é importante selecionar o ícone de transporte público ao calcular o trajeto. Outra opção é baixar o aplicativo de trajetos da BVG, mas eu acho ele um pouco mais difícil de usar do que o Maps.

O bilhete de 49 euros

Já ouviu falar do bilhete de transporte de 49 euros mensais que inclui não apenas todo o transporte público de todas as cidades alemãs, mas também todos os trajetos para aeroportos e viagens em trens regionais ilimitadas? O nome desse bilhete é Deutschland ticket, e ele é uma opção para quem vai ficar mais tempo no país e usar bastante a rede de transporte. Mas como ele foi criado para moradores da Alemanha, como resposta à inflação causada pela guerra, e é uma assinatura, a compra do ticket não é tão simples, e não pode ser feita nas máquinas de metrô. Informe-se no site da BVG e, caso compre, precisa ser com antecedência e lembre de cancelar também com antecedência para não pagar um segundo mês automaticamente.

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Quedlinburg: uma cidade de mais de 1000 anos com o maior conjunto de casas tradicionais da Alemanha

Quedlinburg é uma cidadezinha da Alemanha a poucas horas de Berlim, e com mais de 1000 anos de história. Suas mais de 2.000 casas em estilo enxaimel (com a estrutura visível de madeira, chamam-se Fachwerk em alemão) são o maior conjunto do tipo na Alemanha.

Elas foram construídas entre os séculos 14 e 19, e grande parte está em bom estado. Por isso a cidade é protegida como patrimônio mundial da UNESCO, e é considerada uma joia subestimada do país. Caminhar por suas ruas é viajar no tempo para a Alemanha medieval, como você pode ver nas fotos abaixo, que tirei na minha visita (feita em dezembro de 2023).

Foi em Quedlinburg que o duque da saxônia Henrique I (Heinrich der Vogler, ou Heinrich I) se tornou, no ano 919, o primeiro rei “alemão” – ou não franco – da Frância Oriental. Essa era a parte mais a leste do enorme território de Carlos Magno (Império Carolíngio), que foi quebrado em três reinos no Tratado de Verdun. A parte mais a leste gerou o Sacro Império Romano Germânico, que no século 19 se tornou, em grande parte, a Alemanha.

Os detalhes das construções, como os pentagramas de proteção entalhados nesta casa, nos ensinam sobre o dia a dia e as crenças daqueles que viveram na cidade séculos atrás. Foto: Carmen Guerreiro

Em sua visita a Quedlinburg, não deixe de visitar a cripta da igreja sobre o morro, onde está enterrado o rei Heinrich I, e aproveite para conferir o tesouro de 1000 anos da igreja. Ele foi pilhado durante a Segunda Guerra, mas quase todo recuperado na década de 1990. Apesar disso, a cidade sobreviveu com poucos estragos após o conflito. Aliás, há conexões de membros da cúpula do nazismo com a cidade, já que olhavam muito para aspectos da tradição e para a origem do povo alemão. Himmler, por exemplo, chefe da SS nazista, se considerava a reencarnação do rei Heinrich – e não só porque eles compartilhavam o mesmo nome.

Para aprender mais sobre Quedlinburg, o posto de turismo da cidade, na praça central, oferece aparelhos de audioguia e um mapa para explorar os detalhes do centro histórico (porém há opções apenas em inglês, alemão e japonês).

Outra curiosidade sobre Quedlinburg: é de lá a primeira médica mulher reconhecida na Alemanha. Dorothea Christiane Erxleben viveu no século 18 e foi educada para a medicina pelo seu pai, que também era médico, assumindo a clínica após o falecimento do pai.

Casa da médica Dorothea Erxleben, primeira médica reconhecida da Alemanha. Foto: Carmen Guerreiro

Os outros médicos duvidavam da sua competência por ela ser uma mulher, e processaram Dorothea para que ela perdesse seu poder de clinicar. A médica teve que provar sua qualificação, e passou nos testes com louvor. Assim, em 1754, ela foi a primeira mulher na Alemanha a receber seu chapéu de médica no país.

Quedlinburg fica no estado Saxônia-Anhalt (ou Alta Saxônia), a cerca de 3 horas da capital Berlim.

Para quem tem o ticket de transporte de 49 euros, é possível chegar lá apenas com trens regionais.

Assista ao vídeo que fiz em Quedlinburg.

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O que fazer em Bremen: 10 lugares históricos para conhecer

Bremen é uma cidade do norte da Alemanha que encanta pela sua arquitetura e história – mas o que fazer por lá? Confira neste post 10 atrações que são um pedacinho da história local, para não deixar de visitar quando estiver na região. Conheci todas elas em um só dia, viajando a partir de Hamburgo em um trem regional, em um trajeto que dura cerca de uma hora.

Para entender o que você verá em Bremen, é importante saber que ela era uma das mais relevantes cidades da Liga Hanseática, que controlava a principal rota comercial da Idade Média por rios e mares do norte europeu.

1. Mühle am Wall

Foto: Carmen Guerreiro

Este moinho de 1898 está onde costumavam ficar as muralhas da cidade de Bremen. A construção abriga um restaurante e há um lindo jardim à sua volta.

2. Igreja Unser Lieben Frauen

Esta igreja paroquial próxima à praça central do centro histórico (Marktplatz) começou a ser construída no século 13. A construção foi feita sobre uma estrutura muito mais antiga, como era costume das igrejas góticas. O que sobrou da estrutura inicial é a cripta do ano 1020, o espaço construído mais antigo de toda Bremen.

A igreja teve poucos danos na Segunda Guerra, mas 19 de seus vitrais foram destruídos. Para substituir a perda, o artista francês Alfred Manessier criou esses novos vitrais nos anos 1960 e 70.

3. Rathaus Bremen

Foto: Carmen Guerreiro

A Prefeitura de Bremen se tornou Patrimônio Mundial da UNESCO em 2005. A estrutura original de tijolos góticos do século 15 foi remodelada com estilo renascentista 200 anos depois, com ricos relevos e estátuas de figuras políticas relevantes da época, como Carlos Magno.

4. Bremer Roland

Foto: Carmen Guerreiro

Roland era um cavaleiro medieval importante do exército de Carlos Magno que se tornou uma figura mítica na literatura. Há estátuas dele espalhadas por toda a Europa, e na Alemanha elas, simbolizam a liberdade e os direitos de mercado. A estátua de Roland em Bremen, que fica em frente à prefeitura, é uma das mais conhecidas e antigas (do ano 1404), e fica na praça central. Ela tem cinco metros e meio! A distância entre seus joelhos era uma unidade de medida histórica chamada “elle”.

5. Os músicos de Bremen

Quem lembra desse conto compilado pelos irmãos Grimm? “Os músicos de Bremen” conta a história de um burro, um cão, um gato e um galo que partem em uma viagem para Bremen em busca de uma vida melhor – Os Saltimbancos, no Brasil, foram inspirados neles. A estátua de bronze da foto é de 1953 e fica ao lado da prefeitura.

Os quatro músicos (ou melhor, 3, pois um deles foi arrancado de lá) também estão representados em uma linda fonte de água em frente à loja de doces típicos Bremer Bonbon Manufaktur, que fica em um pequeno pátio da Böttcherstraße (veja o item 8).

6. St. Petri Dom (catedral)

A Catedral de Bremen também é do século 13, e mistura estilos como o românico, o gótico e o renascimento gótico. Assim como na outra igreja, a cripta é a estrutura mais antiga, do século 11.

7. Schütting

Foto: Carmen Guerreiro

Essa é a guilda de Bremen, construída no estilo renascentista nos anos 1530. O local era um símbolo do poder dos ricos comerciantes da cidade, local chave na Liga Hanseática durante a Idade Média.

8. Böttcherstraße

Foi uma surpresa descobrir a história desta charmosa viela de Bremen – por trás das lindas fachadas há um passado nada bonito. Ela foi remodelada de acordo com um projeto arquitetônico durante a década de 1920. A iniciativa foi de um empresário magnata do café de Bremen (e inventor do café descafeinado), Ludwig Roselius, que foi um dos primeiros apoiadores do nazismo. Na verdade, a simbologia por trás da construção da rua é de uma supremacia racial nórdica.

9. Haus des Glockenspiels

Foto: Carmen Guerreiro

Esticados entre os picos de duas fachadas da rua, esses sinos tocam periodicamente ao longo do dia e, pelas ideias iniciais, suas músicas folclóricas homenageavam exploradores e colonizadores alemães, estabelecendo uma suposta superioridade deles sobre as populações originais desses locais (lembrando que o idealizador da rua era apoiador de Hitler e de suas ideias absurdas de raças superiores e inferiores). A rua porém foi bastante destruída durante a guerra causada pela ideologia defendida pelo seu construtor.

10. Schnoor

Foto: Carmen Guerreiro

Este mini bairro é o mais antigo e charmoso de Bremen, onde morava a comunidade pesqueira da cidade. As vielas são repletas de lindas casinhas dos séculos 15 a 18, agora ocupadas por restaurantes, galerias, cafés e lojas de artesanato e souvenires. Vale a pena se perder pelas suas ruelas!

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9 passeios históricos bate e volta a partir de Berlim

Trem regional alemão. Foto: licença de imagem Canva Pro

O bilhete que permite viajar com trens regionais e usar qualquer rede de transporte público na Alemanha por apenas 49 euros mensais, o Deutschlandticket, é válido a partir deste 1º de maio. Abaixo fiz uma seleção de 9 lugares importantes historicamente que você pode visitar em um bate a volta a partir de Berlim usando esse bilhete, sem precisar de hospedagem e pernoite, e que não exigem uma viagem muito longa e cansativa.

Como é possível cancelar o bilhete todo mês, os turistas que não moram na Alemanha também podem se beneficiar desta forma barata de viajar, desde que informem um endereço alemão e uma conta bancária europeia (que tenha, portanto, IBAN).

1. Lutherstadt Wittenberg

Praça central de Wittenberg. Foto: licença de imagem Canva Pro

A cidade onde nasceu o líder da Reforma Protestante Martinho Lutero hoje tem diversas atrações para aprender mais sobre a vida do reformador, mas também entender o movimento que mudou a história do cristianismo e do mundo ocidental. O principal lugar para visitar é o mosteiro augustiniano onde ele morou no meio do século 16. A cidade também tem construções belíssimas, entre igrejas, praça central e um prédio do famoso arquiteto austríaco Hundertwasser.

RE 3: Berlin Hbf – Lutherstadt Wittenberg Hbf (1h45)

2. Leipzig

Völkerschlachtdenkmal. Foto: licença de imagem Canva Pro

Esta é uma cidade grande, que vale ficar mais de um dia, porém pode ser visitada em um bate e volta. É famosa por ser o local de nascimento e/ou trabalho de compositores famosos de música clássica, como Wagner, Bach, Mendelssohn, Bartholdy, os Schumanns e Mahler, e há algumas atrações relacionadas a isso. Leipzig também teve um papel fundamental na história da divisão da Alemanha na Guerra Fria, pois ficava no lado oriental e foi palco da famosa Revolução Pacífica de 1989, que influenciou na queda do Muro de Berlim. Visite também o Völkerschlachtdenkmal, que comemora a derrota napoleônica na importante Batalha de Leipzig.

RE 7 + RE 13: Berlin Hbf – Dessau Hbf – Leipzig Hbf (2h40)

3. Rostock

Praça de Rostock. Foto: licença de imagem Canva Pro

Se perder no lindo centro histórico desta cidade no norte da Alemanha já vale a visita. Aproveite também para conhecer mais sobre a história da Liga Hanseática, importantíssima rota de comércio fluvial e marítimo da Idade Média. Recomendo a visita ao museu Kulturhistorische Museum Rostock (com entrada gratuita), para um mergulho na história local. E por que não pegar o metrô e ir até Warnemünde molhar os pés na água gelada do Mar Báltico e conhecer um farol do século 19?

RE 5: Berlin Hbf – Rostock Hbf (2h40)

4. Schwerin

Palácio de Schwerin. Foto: licença de imagem Canva Pro

A principal atração desta cidade é o seu magnífico palácio em uma ilha no meio da cidade, que foi transformado diversas vezes ao longo dos séculos. A história de Schwerin está profundamente ligada à ocupação eslava da região, e o primeiro castelo local foi construído por eslavos no século 9 d.C.. A cidade se tornou sede do bispado e centro de cristianização de eslavos. A visita também é uma oportunidade para aprender sobre a história dos Mecklenburg, uma das dinastias mais antigas da Europa.

RE 8: Berlin Hbf – Schwerin Hbf (2h40)

5. Potsdam

Palácio de Sanssouci. Foto: licença de imagem Canva Pro

Bem próximo a Berlim está Potsdam, a capital do estado de Brandemburgo, que abriga um grande conjunto de palácios da nobreza prussiana. O mais famoso deles é o Sanssouci, que pode ser visitado e é ricamente decorado. Este era o palácio preferido do rei Frederico, o grande (e onde o famoso rei prussiano está enterrado). Aproveite também para caminhar pelos jardins dos palácios, conhecer o Portão de Brandemburgo (diferente do de Berlim) e o bairro holandês, do século 18.

RE 1 ou RE 56: Berlin Hbf – Potsdam Hbf (30 mins)

6. Oranienburg (Sachsenhausen)

Entrada do campo de concentração de Sachsenhausen. Foto: licença de imagem Canva Pro

O campo de concentração nazista mais próximo de Berlim é Sachsenhausen, na cidade de Oranienburg. Este foi um dos primeiros campos de concentração do regime, construído como campo modelo em 1936 – porém desde 1933 já havia um campo improvisado em Oranienburg. Ele serviu de prisão e campo de trabalho forçado até 1945, quando o exército soviético passou a usá-lo para prisioneiros da Segunda Guerra e opositores políticos. Hoje o local é um memorial e museu, com entrada gratuita e audioguia em português.

RE 5: Berlin Hbf – Oranienburg (30 mins) ou RB 32: Berlin Ostkreuz – Oranienburg (30 mins)

7. Dessau (Bauhaus)

Prédio principal da escola Bauhaus em Dessau. Foto: licença de imagem Canva Pro

Se você se interessa por design e arquitetura, não pode deixar de visitar os prédios da Bauhaus na cidade de Dessau. A Bauhaus foi uma escola que funcionou no entreguerras e entrou para a história como local de experimentação inovador que modelou a cara do que era moderno no século 20 no mundo ocidental. E por isso mesmo foi fechada pelos n@zist4s. Hoje é possível visitar o antigo prédio da escola, a casa dos professores, o museu que remonta a história do movimento e até mesmo ficar hospedado no alojamento dos estudantes. Também há várias construções projetadas por mestres da Bauhaus na cidade.

RE 7: Berlin Hbf – Dessau Hbf (1h40)

8. Lübbenau e Lehde (Spreewald)

Canal em Lübbenau, na floresta de Spreewald. Foto: licença de imagem Canva Pro

Esse é um dos meus lugares preferidos nos arredores de Berlim: a floresta de Spreewald é conhecida como a Veneza da Alemanha, com seus inúmeros canais no meio das árvores. A região é rica em história, produzindo pepinos em conserva (hoje com denominação de origem controlada) desde o século 16. O local tem ocupação histórica dos sorben, um povo eslavo, e parte da comunidade ainda mantém as tradições e a língua (que podem ser conhecidas no Freilandmuseum). Recomendo explorar a região pelas cidades de Lübbenau e Lehde: é possível andar de uma para outra no meio da floresta ou alugar uma canoa e remar pelos canais.

RE 2: Berlin Hbf – Lübbenau (Spreewald) (1h40)

9. Brandenburg an der Havel

Horizonte da cidade de Brandenburg an der Havel. Foto: licença de imagem Canva Pro

A mais antiga cidade do território de Brandemburgo, do século 10, batiza não apenas o estado, mas o portão que é símbolo de Berlim. O local foi dominado alternadamente por eslavos e germânicos, e foi um importante polo de cristianização. Até hoje é possível visitar suas diversas (e magníficas) igrejas medievais, reconstruídas após os bombardeios da Segunda Guerra. Também existe um memorial e museu sobre pessoas com deficiência que foram aprisionadas e assassinadas pelo programa n4zist@ de “eutanásia”.

RE 1: Berlin Hbf – Brandenburg Hbf (1h)

Lembrando que meu critério foi escolher lugares históricos importantes que você pode visitar saindo de Berlim, usando apenas transporte público e trens regionais (válidos para o Deutschlandticket, o bilhete de 49 euros) e até 3 horas de viagem (cada trecho). 

Se você estiver de carro ou queira fazer outro tipo de viagem que não histórica, outras opções podem entrar na lista, como Dresden, Quedlinburg, Parque Nacional da Suíça Saxônica, entre muitos outros.

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East Side Gallery: memorial ou galeria de arte urbana?

East Side Gallery
East Side Gallery
Foto: Carmen Guerreiro

O que a East Side Gallery é pra você, memorial do Muro de Berlim ou galeria de grafites emblemática?

Na verdade não tem uma resposta certa, porque a East Side Gallery é um pouco de tudo e nada disso ao mesmo tempo.

Quem me explicou isso foi a querida Roberta Caldas, do @mamaeoutdoor, comunicadora, especialista em memoriais de eventos traumáticos e seguidora aqui do Somos pq Fomos. 

Ela me convidou para fazer um passeio e refletir sobre a East Side Gallery como um lugar de memória em Berlim.

Para quem não sabe, a East Side Gallery é chamada de “o maior trecho contínuo do Muro de Berlim” ainda de pé. Porém, atualmente ela é toda “picotada” por diversos motivos.

Ela é uma das principais atrações turísticas de Berlim, mas isso não foi planejado.

A galeria surgiu logo após a queda do muro como uma oportunidade para artistas do lado oriental de Berlim se manifestarem (onde antes ninguém do lado oriental podia chegar perto) com murais que representassem as mudanças provocadas pela queda do muro.

Ela não foi pensada como memorial, mas de alguma forma foi vista como um ao longo do tempo, por ser um pedaço (físico e enorme) do passado, símbolo de um evento traumático, ali no meio da cidade.

East Side Gallery

Mas pra que serve um memorial? Para que os eventos traumáticos que ele relembra não se repitam. E como a East Side Gallery faz isso? Ela faz isso mesmo? E precisa fazer? 

Apenas falar sobre o passado é suficiente para fazer as pessoas de hoje entenderem a gravidade do trauma e não repetirem o que aconteceu? Ou precisamos trazer também presente e futuro para o memorial, para gerar mais conexão e sentido?

Foi com esses questionamentos que a Roberta me guiou ao longo dos mais de 1.300 metros (não mais contínuos) de Muro de Berlim daquele trecho, explicando as transformações, os descuidados e os conflitos de interesses ao longo dos anos.

Falamos de muito mais coisas, como das histórias de pessoas do lado oriental e ocidental que morreram naquele trecho do muro por motivos diversos, sobre a estrutura do complexo do Muro de Berlim, e sobre algumas simbologias presentes nas artes – como a banana, que era praticamente um objeto de desejo na Alemanha Oriental por causa de sua escassez.

Quem quiser se aprofundar nesse assunto, pode baixar a dissertação da Roberta sobre a East Side Gallery.

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Por que só existem bondes onde era Berlim Oriental?

Quem anda hoje pelo centro de Berlim (Mitte) vê diversos bondes, ou trams (ou ainda Straßenbahn) passando pra lá e pra cá

Indo para os bairros, fica clara uma diferença: onde antes era Berlim Oriental ainda se usa o sistema de bondes. Onde era Berlim Ocidental, não.

Isso acontece porque, após a Segunda Guerra Mundial, a capital foi dividida entre as quatro potências vencedoras, que com o passar dos anos se tornaram apenas dois blocos: ocidental e oriental, e cada lado administrava a cidade da sua maneira.

Nos anos 1960, os bondes foram considerados uma forma de transporte antiga e ultrapassada em Berlim como um todo. Não era considerado algo alinhado com a visão de futuro que se tinha de transporte público na época.

Na parte ocidental da cidade, o serviço foi totalmente interrompido e os trilhos foram arrancados, dando lugar aos carros e ônibus.

Na parte oriental, a construção de novos conjuntos habitacionais, em especial nos anos 1970 nos bairros de Marzahn, Hellersdorf e Hohenschönhausen, fizeram com que o governo local optasse por manter os bondes, que eram uma forma mais rápida e barata de expandir o alcance do transporte público.

O resultado é que mais tarde se entendeu que os bondes são um bom complemento à rede de transporte público e geram menos impacto ao meio ambiente.

Então o serviço foi modernizado e hoje permanece integrado à rede de Berlim unificada – mas apenas onde a infraestrutura de trilhos foi mantida, no lado oriental.

Porém, com essa mudança de paradigma de transporte, a infraestrutura de bondes está atravessando a fronteira do Muro de Berlim e sendo expandida para alguns lugares de onde antes era Berlim Ocidental – e isso é uma tendência da cidade.

Você já tinha reparado que só passam trams (bondes) onde era Berlim Oriental? Sabia por que isso acontecia? Conta pra mim nos comentários.

Assista ao vídeo que fiz sobre os bondes / trams de Berlim.

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Berlin Global: a exposição interativa na Ilha dos Museus que apresenta o passado e presente de Berlim no contexto global

Que tal visitar um museu em Berlim com uma pegada multimídia, visual e interativa e uma abordagem atual, mas sem ser raso e nem armadilha de turista?

A exposição Berlim Global é dividida em sete salas interativas, que relacionam a história e a realidade atual da cidade nos temas revolução, espaços livres, fronteiras, prazer, guerra, moda e interconectividade.

É uma experiência imersiva que mistura instalações multimídia com objetos antigos para apresentar Berlim como um lugar complexo, construído por pessoas e ideias muito diversas.

Em alguns momentos o visitante relaxa, por exemplo ouvindo músicas que marcaram a cena musical da cidade, e em outros é tensionado pelos conflitos que envolveram Berlim.

Na sala da foto ao lado é possível navegar pelo mapa de Berlim e ouvir (em alemão ou inglês) diferentes perspectivas de berlinenses sobre questões diversas, como por exemplo o efeito da divisão da capital ainda hoje, mais de 30 anos após a queda do muro.

Além disso, os visitantes recebem na entrada uma pulseira eletrônica com a qual é possível opinar sobre os temas levantados pela exposição.

Inclusive as passagens entre um ambiente e outro trazem questionamentos sobre sua visão de mundo, e os visitantes respondem ao escolher uma das portas (mas isso não altera o trajeto).

No final, é possível ver como os outros votaram sobre as mesmas questões, e um computador imprime seu perfil com base nas respostas. Veja nas fotos abaixo:

A exposição Berlim Global fica dentro do Humboldt Forum, um centro cultural inaugurado em 2021 na famosa Ilha dos museus, de Berlim, conhecida por abrigar enormes coleções de arte da Antiguidade.

A entrada padrão custa 7 euros, e é gratuita no primeiro domingo de cada mês.

Você já foi ou quer ir nessa exposição em Berlim? Conta nos comentários o que você acha da proposta.

Assista ao vídeo que fiz sobre a exposição Berlin Global.

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4 memoriais para vítimas da perseguição nazista no centro de Berlim

27 de janeiro é o aniversário da libertação de Auschwitz, campo de concentração e extermínio na Polônia. Por isso esse dia é conhecido como Dia Internacional da Lembrança do Holocausto.

Mas além dos 6 milhões de judeus assassinados pelo regime nazista, diversos outros grupos foram perseguidos, presos, torturados e mortos pelo sistema.

Muitas dessas vítimas são lembradas e homenageadas em 4 memoriais que você pode conhecer a pé a partir do Reichstag ou do Portão de Brandemburgo, em Berlim.

1. Memorial aos Judeus Mortos da Europa

Primeiro e maior de todos eles, construído em 2005, é dedicado aos 6 milhões de judeus mortos pelo nazismo no continente europeu.

O monumento é um conjunto de 2711 estelas e um centro de informações subterrâneo com entrada gratuita.

2. Memorial aos Homossexuais Perseguidos sob o Nazismo

Foto: Carmen Guerreiro

O memorial é uma estrutura de concreto com uma janela onde é possível assistir a um vídeo que representa o amor entre pessoas LGBT.

Ele é dedicado especialmente aos cerca de 50.000 homens homossexuais criminalizados legalmente e presos pelo nazismo.

Infelizmente o memorial não traz informações sobre a perseguição aos homossexuais.

3. Memorial aos Sinti e Roma da Europa assassinados sob o Nazismo

Foto: Carmen Guerreiro

Esse é um memorial de 2012 construído entre o Reichstag (parlamento) e o Portão de Brandemburgo.

Ele é dedicado às cerca de 500.000 pessoas dos povos Sinti e Roma perseguidas pelo regime nazista como “ciganos”.

Por causa da perseguição sofrida por esses povos, não é mais legal usar o termo “cigano” na Alemanha, pois está ligado à discriminação e não é como eles se autodenominam (saiba mais sobre o uso do termo “cigano” na Alemanha).

O memorial está sendo ampliado com biografias e histórias de resistência dos povos Sinti e Roma.

Foto: Carmen Guerreiro

4. Memorial e Site de Informação para as Vítimas dos Assassinatos da “Eutanásia” Nazista

Este é o memorial mais recente, inaugurado em 2014.

Este memorial homenageia as cerca de 300.000 pessoas com deficiência assassinadas pelo regime, além de idosos, pacientes psiquiátricos, e os “racialmente e socialmente indesejáveis”.

Em breve farei no instagram fazer um post detalhado sobre cada um desses memoriais e a perseguição de cada um desses grupos. Conforme isso acontecer, vou expandir este post do blog.

Fonte e mais informações: https://www.stiftung-denkmal.de/en/memorials/ 

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Hamburger Bahnhof: uma estação de trem convertida em museu no centro de Berlim

Foto: Carmen Guerreiro

A Hamburger Bahnhof era uma estação de trem do século 19 que conectava Berlim e Hamburgo (por isso “Hamburger”).

Ela foi inaugurada em 1846, um momento de enorme crescimento de Berlim por causa da industrialização.

Ela não conseguiu acompanhar esse inchaço da cidade e aumento do volume de tráfego ferroviário, por isso foi fechada em 1884.

Durante 20 anos depois disso, o espaço foi usado como residência e administração local, até se tornar um museu de transporte e construção em 1904.

Como boa parte de Berlim, a estação sofreu gravemente com os bombardeios do final da Segunda Guerra Mundial.

Com a divisão da capital alemã entre as potências vencedoras da guerra, a Hamburger Bahnhof ficou exatamente na fronteira, porém do lado ocidental.

Foto: Carmen Guerreiro

O Muro de Berlim, construído em 1961, passava colado nela.

Por isso ela ficou sem uso por décadas, até que foi parcialmente restaurada pelo lado ocidental como parte da comemoração dos 750 anos de Berlim em 1984.

A Hamburger Bahnhof foi completamente reformada após a queda do Muro e reaberta em 1996 como um museu de arte contemporânea.

Hoje ela é a única estação de trem preservada (ainda que reconstruída) de Berlim da sua época.

Você já visitou a Hamburger Bahnhof?

Ela faz parte do conjunto de museus estatais de Berlim, por isso não apenas a entrada é gratuita nos primeiros domingos do mês, como você pode fazer um cartão anual a partir de 25 euros que dá acesso a todos os museus do grupo.

Uma das exposições atuais é a “Broken Music Vol. 2 – 70 Years of Records and Sound Works by Artists”, sobre a os discos de vinil historicamente como plataformas de música e de artes visuais.

A exposição vai até 14/maio.

Assista ao vídeo que fiz sobre a Hamburger Bahnhof no Instagram.

Fonte texto: Staatliche Museen zu Berlin – Preußicher Kulturbesitz.
Fonte imagens: Arquivo pessoal – Carmen Guerreiro

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