A breve, conturbada e culturalmente rica República de Weimar, que vigorou na Alemanha entre o final da Primeira Guerra e ascensão de Hitler ao poder, foi palco da nova mulher moderna. As mulheres se vestiam casualmente, trabalhavam, fumavam… 

Mas o que parecia para alguns uma grande mudança de perfil, para outros (como Adorno) era apenas uma ilusão. Por quê? É que as mulheres continuavam “escanteadas” na sociedade. Trabalhavam, mas só enquanto solteiras ou sem filhos e em posições de menor qualificação, salário e decisão. Pareciam livres, mas continuavam a depender dos pais e, depois, do marido. Estudavam, mas dificilmente até o Abitur (como o Enem, de conclusão do ensino médio).

Por isso Adorno comparou as mulheres de Weimar, que ocupavam cada vez mais cargos no comércio e em escritórios à época, a homens dependentes. Com as restrições familiares, sociais e educacionais, as mulheres só podiam ter profissões de escritório que fossem simples, como datilografar, organizar o escritório, manusear máquinas pouco complexas. 

Isso era reforçado pela educação, já que uma das disciplinas obrigatórias na escola para mulheres era ciência doméstica, enquanto os garotos estudavam ciências naturais, matemática e outras disciplinas ligadas ao mundo exterior ao lar. 

A formação dessas mulheres era considerada um desperdício de tempo e dinheiro, já que o principal objetivo era que elas se casassem.

O emprego de escritório também era uma porta para a ascensão social pelo casamento, pois colocava em contato mulheres de classes mais baixas com homens de classe média. Na Baviera, no período, 60% das mulheres nesse tipo de emprego casavam com colegas de trabalho. 

O casamento era visto também por essas mulheres como uma forma de se livrar das péssimas condições em que viviam nas casas de seus pais, onde dividiram espaços pequenos com famílias numerosas, tendo pouca privacidade e precisando servir o pai e os irmãos em adição às horas de trabalho.

Falei um pouco mais das mulheres na República de Weimar (e das brasileiras no mesmo período) na primeira parte do episódio do mês sobre história das mulheres.

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