Quedlinburg é uma cidadezinha da Alemanha a poucas horas de Berlim, e com mais de 1000 anos de história. Suas mais de 2.000 casas em estilo enxaimel (com a estrutura visível de madeira, chamam-se Fachwerk em alemão) são o maior conjunto do tipo na Alemanha.
Elas foram construídas entre os séculos 14 e 19, e grande parte está em bom estado. Por isso a cidade é protegida como patrimônio mundial da UNESCO, e é considerada uma joia subestimada do país. Caminhar por suas ruas é viajar no tempo para a Alemanha medieval, como você pode ver nas fotos abaixo, que tirei na minha visita (feita em dezembro de 2023).
Foi em Quedlinburg que o duque da saxônia Henrique I (Heinrich der Vogler, ou Heinrich I) se tornou, no ano 919, o primeiro rei “alemão” – ou não franco – da Frância Oriental. Essa era a parte mais a leste do enorme território de Carlos Magno (Império Carolíngio), que foi quebrado em três reinos no Tratado de Verdun. A parte mais a leste gerou o Sacro Império Romano Germânico, que no século 19 se tornou, em grande parte, a Alemanha.
Em sua visita a Quedlinburg, não deixe de visitar a cripta da igreja sobre o morro, onde está enterrado o rei Heinrich I, e aproveite para conferir o tesouro de 1000 anos da igreja. Ele foi pilhado durante a Segunda Guerra, mas quase todo recuperado na década de 1990. Apesar disso, a cidade sobreviveu com poucos estragos após o conflito. Aliás, há conexões de membros da cúpula do nazismo com a cidade, já que olhavam muito para aspectos da tradição e para a origem do povo alemão. Himmler, por exemplo, chefe da SS nazista, se considerava a reencarnação do rei Heinrich – e não só porque eles compartilhavam o mesmo nome.
Para aprender mais sobre Quedlinburg, o posto de turismo da cidade, na praça central, oferece aparelhos de audioguia e um mapa para explorar os detalhes do centro histórico (porém há opções apenas em inglês, alemão e japonês).
Outra curiosidade sobre Quedlinburg: é de lá a primeira médica mulher reconhecida na Alemanha. Dorothea Christiane Erxleben viveu no século 18 e foi educada para a medicina pelo seu pai, que também era médico, assumindo a clínica após o falecimento do pai.
Os outros médicos duvidavam da sua competência por ela ser uma mulher, e processaram Dorothea para que ela perdesse seu poder de clinicar. A médica teve que provar sua qualificação, e passou nos testes com louvor. Assim, em 1754, ela foi a primeira mulher na Alemanha a receber seu chapéu de médica no país.
Quedlinburg fica no estado Saxônia-Anhalt (ou Alta Saxônia), a cerca de 3 horas da capital Berlim.
Para quem tem o ticket de transporte de 49 euros, é possível chegar lá apenas com trens regionais.
Assista ao vídeo que fiz em Quedlinburg.
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