O que a East Side Gallery é pra você, memorial do Muro de Berlim ou galeria de grafites emblemática?
Na verdade não tem uma resposta certa, porque a East Side Gallery é um pouco de tudo e nada disso ao mesmo tempo.
Quem me explicou isso foi a querida Roberta Caldas, do @mamaeoutdoor, comunicadora, especialista em memoriais de eventos traumáticos e seguidora aqui do Somos pq Fomos.
Ela me convidou para fazer um passeio e refletir sobre a East Side Gallery como um lugar de memória em Berlim.
Para quem não sabe, a East Side Gallery é chamada de “o maior trecho contínuo do Muro de Berlim” ainda de pé. Porém, atualmente ela é toda “picotada” por diversos motivos.
Ela é uma das principais atrações turísticas de Berlim, mas isso não foi planejado.
A galeria surgiu logo após a queda do muro como uma oportunidade para artistas do lado oriental de Berlim se manifestarem (onde antes ninguém do lado oriental podia chegar perto) com murais que representassem as mudanças provocadas pela queda do muro.
Ela não foi pensada como memorial, mas de alguma forma foi vista como um ao longo do tempo, por ser um pedaço (físico e enorme) do passado, símbolo de um evento traumático, ali no meio da cidade.
Mas pra que serve um memorial? Para que os eventos traumáticos que ele relembra não se repitam. E como a East Side Gallery faz isso? Ela faz isso mesmo? E precisa fazer?
Apenas falar sobre o passado é suficiente para fazer as pessoas de hoje entenderem a gravidade do trauma e não repetirem o que aconteceu? Ou precisamos trazer também presente e futuro para o memorial, para gerar mais conexão e sentido?
Foi com esses questionamentos que a Roberta me guiou ao longo dos mais de 1.300 metros (não mais contínuos) de Muro de Berlim daquele trecho, explicando as transformações, os descuidados e os conflitos de interesses ao longo dos anos.
Falamos de muito mais coisas, como das histórias de pessoas do lado oriental e ocidental que morreram naquele trecho do muro por motivos diversos, sobre a estrutura do complexo do Muro de Berlim, e sobre algumas simbologias presentes nas artes – como a banana, que era praticamente um objeto de desejo na Alemanha Oriental por causa de sua escassez.
Quem quiser se aprofundar nesse assunto, pode baixar a dissertação da Roberta sobre a East Side Gallery.
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