Imagem do prédio do parlamento alemão (Reichstag) em chamas na noite de 27 de fevereiro de 1933. Foto: Bundesarchiv/CC-by-sa-3.0-de

Por causa do incêndio no Reichstag (parlamento alemão) que, neste 27 de fevereiro de 2023, fazem 90 anos Hitler teve as condições ideais para iniciar sua ditadura – cerca de um mês após ser apontado chanceler da Alemanha. O nazismo se alimentava do medo da população, e imediatamente anunciou que o ato era de autoria dos comunistas, seus principais inimigos políticos, e que fazia parte de um levante desse grupo para a tomada do poder – o que não se confirmou ou comprovou. 

Na noite do incêndio, o ministro do Interior da Prússia no momento, Hermann Göring, uma das pessoas mais próximas de Hitler, anunciou que aquele era o “início da revolta comunista”. Não se tem certeza até hoje quem iniciou o incêndio, mas sabemos que apenas os nazistas se beneficiaram dele.

Isso porque, no dia seguinte ao incêndio, foi decretada pelos nazistas a “Portaria para a Proteção do Povo e do Estado”, que permitiu, aparentemente dentro da Lei, intensificar a perseguição aos inimigos políticos dos nazistas, em especial os comunistas, e eventualmente eliminar ou neutralizar a oposição.

A lógica era a seguinte: os nazistas queriam eliminar o sistema democrático, e concentrar todo o poder em torno do líder do partido (Hitler). Para isso, justificaram que seus principais adversários (os comunistas) estavam iniciando um movimento que instauraria uma ditadura, então era preciso agir rapidamente para reduzir os direitos da população e aumentar os do chanceler, lhe dando poder de perseguir e eliminar os opositores políticos.

Memorial em frente ao Reichstag que lembra os 96 membros do parlamento que foram assassinados pelos n@zistas. Foto: Carmen Guerreiro

Isso se traduziu em prisões e assassinatos de opositores políticos em larga escala. Foi assim que foram criados os primeiros campos de concentração: prisões com trabalho forçado para neutralizar os comunistas e outros inimigos, e também testar o sistema de violência que mais tarde o n4zism0 usaria contra os demais grupos perseguidos (especialmente os judeus), e que seria engrenagem fundamental do regime.

Os estragos causados pelo incêndio que hoje faz 90 anos, portanto, foram muito além da estrutura do prédio – o evento pavimentou o caminho do autoritarismo de Hitler. 

O memorial da foto deste post fica hoje em frente à portaria de visitantes do Reichstag, e é uma homenagem aos 96 membros do parlamento que foram assassinados pelos n@zistas.

Recomendo também a visita, durante todo o mês de março/2023, da exposição “Prelúdio ao terror”, no museu Topografia do Terror, em Berlim. A exibição vai explicar a criação desses primeiros campos de concentração, de como se estabeleceram como parte do regime e da eventual transformação de muitos deles em memoriais que hoje são visitados para que as brutalidades do nazismo não se repitam.

Você já visitou algum desses memoriais? Qual deles? Me conta nos comentários.

Fontes: Topografia do Terror e LeMO (museu online do Deutsches Historisches Museum)

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